Guilherme Barbosa de Morais (1992) é um jovem escultor especializado em esculturas de Arte Sacra em barro. Nasceu em Pernambuco, na cidade de Paudalho, mais cresceu na cidade de Tracunhaém. A cidade de Tracunhaém é conhecida como a cidade turística do artesanato em barro. Celeiro de artesãos e artistas que transformam argila em excelentes obras, de artes ou utilitárias.
Guilherme Morais (1992), é filho de Mariano Manoel de Morais Neto, mais conhecido como Netinho Santeiro. Foi do pai que Guilherme herdou todo o dom de esculpir. Dele que veio sua maior inspiração. Era apenas um menino com 5 anos de idade quando já observava seu pai esculpindo. E foi despertando a vontade de fazer o mesmo que o pai. Dessa forma não deixando morrer a tradição.
Ainda na infância, Guilherme já mostrava dedicação, quando ao observar seu pai, tentava fazer passarinhos, porquinhos e tartarugas de barro. E com esses bichinhos, ele presenteava os turistas que iam visitar o atelier que seu pai trabalhava, como forma de agradecimento e com isso ganhava alguns trocados. Com o tempo ele foi percebendo que queria ser capaz de fazer mais coisas, e aí começou a fazer esculturas de santos. Os primeiros passos, as técnicas iniciais, a base, ele aprendeu com seu pai. E a medida que praticava, ele foi aperfeiçoando mais ainda a arte.
"Quando vi que tinha jeito para esculturas de arte sacra, passei a dedicar mais ainda meu tempo para aprender com meu pai.
Outro mestre que me ensinou muitas coisas também foi o Jair Correia, ele me orientou muito em relação a acabamento, a detalhes. Assim podendo agregar mais valor as minhas peças. Vi que daí poderia dar um diferencial ao meu trabalho."
Aos 16 anos resolve sair de Pernambuco para correr atrás de seu maior sonho, ter suas obras reconhecidas no Brasil todo. E foi em São Paulo que ele encontrou oportunidade maior de conseguir conquistar esse objetivo.
"Durante minha jornada, pude aprender mais, conhecer pessoas que me ajudassem, assim aumentando ainda mais minhas experiências de vida"
Atualmente, mora em Piracicaba (SP), onde está vivenciando uma nova fase de sua carreira. Trabalhando com o barro e transformando em Bronze.
"Hoje pode-se dizer que meu trabalho está evoluindo a cada dia. As vezes fico surpreso com as coisas que sou capaz de fazer. Cada detalhe novo, cada técnica nova que aplico.. E a sensação ao ver uma obra minha finalizada é indescritível."
"A arte sacra não é tão valorizada quanto antes. Me refiro ao artesanato voltado para a arte sacra. São poucos os artistas que ainda continuam nesse seguimento. Alguns ainda tem a possibilidade de passar para outras gerações o domínio da arte em esculturas. E isso contribui para que ainda hoje, tenham pessoas que se dediquem a esse seguimento. Já pensei em mudar de área mas, a vontade e insistência de se fazer o que se gosta é maior. Pois deposito amor e dedicação a essa arte. Além disso, ainda existem pessoas que valorizam nosso trabalho e fazem com que ele se perpetue."
Cada trabalho é feito de forma distinta. Guilherme não usa apenas uma técnica especifica. Tudo é feito de forma livre, natural e com autonomia que acaba aplicando várias técnicas. Mais o que prevalece é a improvisação. Cada etapa do processo de criação o leva a caminhos diferentes para a finalização da peça, isso faz com que ele não siga um processo padrão na elaboração.
" Por ser algo que eu amo fazer, acabo passando muita emoção para escultura. Eu uso como base as características da arte barroca. Mais quando vou finalizando, acabo passando para a peça, as minhas referencias de vida, algo que estou passando ou sentindo naquele momento. Isso faz com que cada escultura fique diferente uma da outra e tenha um detalhe único. O fato de eu ter aprendido sozinho também ajuda a não ter certas manias de querer fazer tudo igual. Pois encontrei meu próprio estilo. "
O Escultor Guilherme Morais possui um vasto conhecimento adquirido com as experiências vivenciadas ao longo dos anos. Oficinas de Modelagem e Argila, compõe seu currículo de experiências. A ultima oficina, foi ministrada para XX inscritos e foi oferecida pelo Governo do Estado de São Paulo. " Através dessas aulas posso propagar parte do conhecimento dessa arte que vem sendo esquecida. Atualmente em São Paulo existem alguns programas que incentivam o artesanato, porém não são voltados para a modelagem e essas aulas são uma excelente forma de difundir essa arte."
Sobre o curso de Modelagem em Argila:
Além de esculpir, Guilherme descobriu o quanto é gratificante ensinar a outras pessoas a arte de modelar na argila. Por isso se tornou tão importante fazer parte da sua carreira, a possibilidade de ministrar cursos.
Cria-se uma expectativa muito grande em relação a esse cursos. Por ser uma arte muito elaborada, as pessoas tendem a pensar que não são capazes de esculpir. E ao participar desse curso, o aluno percebe que não é tão complicado assim. É possível passar através das aulas, os fundamentos da modelagem em argila, entender as feições e expressões, além de mostrar que quando se trata de arte, não existem regras e limites. O aluno pode esperar do curso que com certeza irá aprender, em poucas tentativas, que é possível esculpir a forma que ele desejar, expressar sentimentos ou até mesmo gostos pessoais. Eu sempre noto o encanto do aluno, quando ele vê o que é capaz de fazer e o quanto ele pode aplicar a própria personalidade nas peças.
Não existe um programa específico nas aulas. Assim o participante não precisa se preocupar se vai conseguir acompanhar o ritmo. As aulas seguem de forma natural, respeitando o limite de cada aluno. No caso do curso ser para iniciantes em Modelagem em Argila, é feito um cronograma para poder ensinar os fundamentos da modelagem e o passo a passo. A medida que vai seguindo o curso, já é possível identificar a necessidade e dificuldade de cada aluno.
Será possível aprender como se inicia o processo de criação da peça, etapa por etapa até a finalização e acabamento, demonstração de técnicas específicas, desde a preparação do barro, até o processo de queima.